A Bíblia na mira da tecnologia

Um software desenvolvido por uma equipe de estudiosos israelenses liderados por Moshe Koppel, da Universidade Bar Ilan, perto de Tel Aviv, está dando intrigantes dicas sobre o que os pesquisadores acreditam ser as várias mãos que escreveram a Bíblia.

Desde o advento da erudição bíblica moderna, os pesquisadores acadêmicos acreditam que o texto foi escrito por um número de diferentes autores cujo trabalho pode ser identificado por diferentes estilos ideológicos e linguísticos.

Hoje, os estudiosos geralmente dividem o texto em duas vertentes principais. Um deles foi escrito por uma figura ou grupo conhecido como o autor “sacerdotal”, por causa de ligações aparentes com os sacerdotes do templo em Jerusalém. O resto é “não-sacerdotal”.

Estudiosos passaram o texto pelo aplicativo e quando o novo software foi executado no Pentateuco, ele encontrou a mesma divisão, separando o “sacerdotal” e “não-sacerdotal”.

O rastreamento do aplicativo correspondeu com a divisão tradicional acadêmica em uma média de 90 por cento – efetivamente recriando anos de trabalho dos estudiosos em poucos minutos, afirmou Moshe Koppel, professor de ciência da computação que liderou a equipe de pesquisa.

Antes de aplicar o software para o Pentateuco e outros livros da Bíblia, os pesquisadores primeiro precisavam de um teste mais objetivo para provar se o algoritmo poderia distinguir corretamente um autor de outro.

Então eles misturaram ao acaso livros da Bíblia hebraica de Ezequiel e Jeremias num único texto e executaram o software. Segundo os pesquisadores, o aplicativo conseguiu separar corretamente os autores, mostrando sua eficiência.

O programa reconhece seleções de palavras repetidas, como o uso dos equivalentes Hebraico de “se”, “e” e “mas”. Em alguns lugares, por exemplo, a Bíblia dá a palavra para “staff” como “Makel”, enquanto em outros ele usa ”mateh” para o mesmo objeto.

O programa então separa o texto em linhas que acredita ser o trabalho de pessoas diferentes.

Outros pesquisadores têm olhado para as impressões digitais linguísticas em textos menos sagrados como uma forma de identificar os escritores desconhecidos.

Na década de 1990, o professor Inglês Vassar Donald identificou o jornalista Joe Klein como o autor anônimo do livro “Primary Colors”, olhando para os detalhes menores, como pontuação.

Em 2003, Koppel foi parte de uma equipe de pesquisa que desenvolveu software que poderia contar com sucesso, quatro vezes em cada cinco, se o autor de um texto era do sexo masculino ou feminino.

Os pesquisadores descobriram que as mulheres são mais propensas a usar os pronomes pessoais, como “ela” e “ele”, enquanto os homens preferem determinantes como o “que” e “isto”. Mulheres, em outras palavras, geralmente falam sobre pessoas, enquanto os homens preferem falar sobre coisas.

O novo software pode ser usado para investigar as peças de Shakespeare e resolver as questões remanescentes de autoria ou co-autoria, ponderou Graeme Hirst, um professor de linguística computacional da Universidade de Toronto.

O algoritmo também pode levar ao surgimento de um verificador de estilo linguístico para documentos elaborados por vários autores ou comitês, ajudando no desenvolvimento de um texto uniforme, sugeriu Hirst.

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