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A Igreja de São Martinho de Soalhães é uma igreja situada em São Martinho de Soalhães, freguesia de Soalhães, no município de Marco de Canaveses, em Portugal.
Em 1997 foi classificada como monumento nacional, tendo em 1977 recebido esta classificação os seus elementos românicos. Integra a Rota do Românico.
Historia
Soalhães foi um território particularmente cobiçado pela nobreza medieval.
A importância da terra ditou que os seus senhores tomassem o topónimo para seu apelido, como no caso de D. João Martins, chamado de Soalhães, bispo de Lisboa e arcebispo de Braga. Todavia, são poucos os vestígios românicos deixados à vista pela profunda intervenção realizada na Igreja no século XVIII.
O seu portal principal, datável já do século XIV, mostra uma organização protogótica, confirmada pela ausência de tímpano e pelo cariz naturalista dos seus capitéis. Muito embora o óculo do portal tenha recebido um arranjo durante a intervenção setecentista, a verdade é que tal não aconteceu no interior onde ainda hoje apreciamos uma moldura pontuada por pérolas, motivo muito disseminado pela arquitetura românica das bacias do Douro e Tâmega.
No interior, um túmulo do século XIII ou XIV, abrigado por arcossólio na capela-mor, do lado direito, coabita com uma profusão de cores e materiais que testemunham um investimento algo excêntrico em painéis azulejares, de madeira em médio relevo policromados, e na ornamentação da talha que vai além dos próprios retábulos [altares]. A atual Igreja de São Martinho de Soalhães ter-se-á fundado sobre uma basílica onde existiriam relíquias martinianas em finais do século IX. Ainda se refere Soalhães como mosteiro no século XII, embora até à data não se tenha ainda chegado a um consenso sobre a ordem monástica que integrava.
Em todo o caso, esta Igreja surge num território que foi particularmente cobiçado pela nobreza medieval, sendo que a importância da terra ditou que os seus senhores tomassem o topónimo para seu apelido, como no caso de D. João Martins, chamado de Soalhães, bispo de Lisboa e arcebispo de Braga. Apesar do peso histórico que se cola a esta Igreja de Soalhães, particularmente nos séculos ditos da Idade Média Plena (séculos XII a XIV), são escassos os vestígios que nos falam dessa época, por ter sido a Igreja profundamente transformada no século XVIII, numa busca de atualização do templo dentro de uma estética e liturgia pós-tridentinas.
Da época medieval persistem (visíveis) três elementos que cremos que foram conservados apenas enquanto testemunho de uma antiguidade que se quis reafirmar neste monumento. O portal principal, testemunhando já uma organização protogótica, datará já do século XIV.
Cronologia
875 - Referência à basílica de São Martinho;
1120 - Referência ao mosteiro de Soalhães;
Sécs. XIII (finais) ou XIV (inícios) - Data provável da reedificação da Igreja de Soalhães, com base nos vestígios românicos remanescentes;
1304 - Instituição do morgadio de Soalhães;
1320 - Soalhães, juntamente com Mesquinhata e Santa Cruz são taxadas em 400 libras;
1514, julho, 15 - Data do foral de Soalhães;
1733 - Data que assinala as reformas na estrutura e património integrado da Igreja (assinalada no coro alto);
1740-50 - Cronologia provável para a campanha azulejar da nave da Igreja de Soalhães;
1977 - Classificação da Igreja de Soalhães como Monumento Nacional (decreto n.º 129). Esta classificação incluía apenas os elementos românicos;
1980, março, 26 - Despacho de alargamento do âmbito de classificação da Igreja de Soalhães contemplado pelo decreto n.º 129 de 1977;
1997, dezembro, 31 - Decreto estabelecendo uma nova redação à designação oficial da Igreja;
2010 - Integração da Igreja de São Martinho de Soalhães na Rota do Românico;
2017-2018 - Restauro dos revestimentos azulejares, talhas e esculturas da nave, e conservação das coberturas, no âmbito da Rota do Românico.