A Pós-Identidade Digital no Mercado Aberto de Ideias

O estado padrão da existência online é como um mercado anônimo de ideias, um livre mercado de competição memética. O think tank digital de uma rede suficientemente pseudônima, que mantém a “advocacia do diabo” como uma constante, e que consistentemente obtém análises precisas ao desassociar o conteúdo do contexto: para se envolver adequadamente com uma ideia, você precisa separá-la de seu proponente, permitindo que ela se sustente por si só.

A identidade biológica não é apenas irrelevante, mas antitética a esse ecossistema. Um fórum sem anonimização não pode funcionar como um verdadeiro mercado de ideias. Os entrantes baterão à porta como um Cavalo de Troia woke, injetando políticas de identidade para corrigir alguma discriminação invisível, mas não há raça ou classe no mundo digital, apenas liberdades e invasões sobre elas.

Fica ainda mais claro que a política identitária promove a exclusão, não a inclusão, ao introduzir vetores previamente inexistentes para discriminar positiva e negativamente indivíduos anônimos. A inclusão máxima é encontrada na eliminação da identidade, que é o estado padrão da comunicação online pseudônima:

  1. Não há discriminação quando não há identidade.

  2. Anônimos não têm identidade.

  3. Crypto é anônimo.

  4. Logo, não há discriminação em Crypto.

A reintrodução da identidade biológica e da política associada a ela é contraproducente para o fim de eliminar a discriminação. Nunca ouvi e não consigo pensar em nenhuma justificativa de boa-fé para que os defensores da política identitária reintroduzam-na (e a discriminação que se segue) em espaços anônimos, onde ela já transcendeu, mas é óbvio que a utilidade proveniente de se auto doxar, a censura e as oportunidades de alavancagem de entrada são de interesse do Estado.

Também acredito que o avanço da tecnologia (VR, AR e deepfaking baseado em IA) se desenvolverá rapidamente para uma infraestrutura abrangente, que apresente uma identidade ativamente anônima e reconfigurada. “Catfishing” será a nova norma, com capacidade de alterar plausivelmente toda a apresentação de gênero como seu teste final; e, em breve, será tão fácil quanto trocar uma foto de perfil: filtros poderosos de IA sobre selfies 2D já são eficazes em modificar rostos, mesmo em vídeos de tempo real, e avatares de realidade virtual 3D obscurecem totalmente a forma física na socialização digital no metaverso, enquanto os modificadores de voz primitiva de IA tornam-se cada vez mais eficazes e acessíveis, até que eventualmente isso tudo dará lugar à total conversão do speech-to-text-to-speech para a anonimização total e a plausibilidade do pós-gênero; e, olhando mais para o futuro, podemos especular acerca de uma sobreposição da realidade aumentada onipresente de avatares personalizados obscurecendo completamente as formas humanas.

Se você acredita que isso é bom ou ruim, não é relevante, é apenas o destino que seguimos, e a única coisa que você pode fazer é desenvolver ferramentas conceituais para engajar-se conscientemente - o que certamente complicará ainda mais as tentativas de novos entrantes em reintroduzir a identidade material no discurso. É interessante, entretanto, que eles se unam contra essas novas tecnologias; afinal, pode-se supor que isso deveria ter sido antecipado por qualquer pessoa preocupada com políticas de identidades oprimidas tanto quanto vem sendo prontamente adotado por jovens dessas mesmas categorias; sendo o mesmo verdade para o anonimato. Logo, suspeito da desonestidade das críticas dos defensores de políticas identitárias.

Independentemente disso, para muitos que estão lendo, como NEETs, já somos parte da pós-identidade online, já a transcendemos, já vivemos isso. Nossas existências virtuais são como ciborgues digitais: amorfas, performáticas, desvinculadas de qualquer biorealidade. E, conhecendo a teleologia da tecnologia, sabemos que somos simplesmente a vanguarda: sabemos que a Janela de normalidade de Overton continuará a progredir rapidamente em direção a uma experiência digital universal, a subsunção total do real para o digital, até que seja realidade para todos vocês também.

Que assim seja.

Este texto é uma tradução livre, e possui algumas alterações por parte do tradutor para fins de melhor entendimento em razão do contexto local.

O texto original pode ser encontrado aqui:

Subscribe to Open-Source Law+
Receive the latest updates directly to your inbox.
Mint this entry as an NFT to add it to your collection.
Verification
This entry has been permanently stored onchain and signed by its creator.