English version here.
Setúbal é uma cidade portuguesa capital do Distrito de Setúbal estando englobada na Área Metropolitana de Lisboa. Tem aproximadamente uma área de 51,49 km2 e 90 396 habitantes (considerando a totalidade da área e população das freguesias de Setúbal (São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça) e São Sebastião (Setúbal)) em 2021, e portanto uma densidade populacional de 1.755 habitantes por km2, sendo a 9ª maior cidade do país.
É sede do Município de Setúbal que tem uma extensão de 230,33 km2, 123 519 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 536 habitantes por km2, dividindo-se em cinco freguesias. O município é limitado a oeste pelo município de Sesimbra, a noroeste pelo município do Barreiro, a norte e leste pelo município de Palmela e a sul pelo Estuário do Sado.
A península de Troia, pertencente ao município de Grândola, situa-se em frente da cidade de Setúbal, entre o estuário do Sado e o litoral do Oceano Atlântico.
História
O topónimo
Atualmente, existem muitas potenciais origens para o nome de Setúbal sendo as principais:
Palavra composta de Sete (terceiro filho de Adão) e Túbal (neto de Noé);
Palavra composta de Sete e Tubal (não confundir com a personagem bíblica) que povoou a Ibéria após o Dilúvio, segundo Frei Bernardo de Brito, tal como indica numa passagem do seu livro Monarquia Lusitana - nosso Reyno foy o mais antigo na povoação, e Setubal o lugar, em que primeiro ordenarão vivenda e vecinhança comuna (Brito 1597: 7). Também Flávio Josefo, na História dos Hebreus, insinua, também, o mesmo, relacionando a origem do nome com um dos povos ibéricos - os Tubalinos;
Derivação do termo romanizado 'Cetóbriga' (Ceto + designação celta briga para Povoação Fortificada) que chegou por transformação fonética até Setúbal. Na Memória sobre a História e a Administração do Município de Setúbal (1877) escrito por Alberto Pimentel, é sugerido que o termo Setúbal advém, por corrupção, de Cetóbriga;
Segundo alguns autores (como José Hermano Saraiva), a exemplo de outras cidades ibéricas e do sul da Europa, o topónimo 'Setúbal' pode estar relacionado com o hidrónimo do rio (Sado ou Sadão) que banha a povoação, referido pelo geógrafo árabe Dreses como Xetubre. E, neste caso de o topónimo Setúbal estar relacionado com o hidrónimo, a sua origem pode estar na palavra Ketovion, como sugere Montexano.
Do Neolítico à Reconquista Cristã
Setúbal nasceu do rio e do mar. Os registos de ocupação humana no território do concelho remontam à pré-história, tendo sido recolhidos, em vários locais, numerosos vestígios desde o Neolítico. Foi visitada por fenícios, gregos e cartagineses, que vinham à Ibéria em procura do sal e do estanho, nomeadamente a Alcácer do Sal, povoação até à qual o rio era então navegável.
Durante a ocupação romana, Setúbal experimentou um enorme desenvolvimento. Os romanos instalaram na povoação fábricas de salga de peixe e fornos para cerâmica, que igualmente desenvolveram.
A queda do império romano, as invasões bárbaras e a constante pirataria de cabotagem causaram a estagnação, senão mesmo o desaparecimento, da povoação entre os séculos VI e XII. Nomeadamente neste último século, não existem quaisquer registos da povoação, ‘entalada’ entre a Palmela cristã e a Alcácer do Sal árabe.
Da Reconquista Cristã aos finais do séc. XVI
Alcácer do Sal foi reconquistada pelos cristãos em 1217. Quanto à povoação de Setúbal, foi incorporada e passou a beneficiar da protecção da Ordem de Santiago, momento a partir do qual voltou a prosperar.
Em Março de 1249, Setúbal recebeu foral, concedido pela Ordem de Santiago, senhora desta região, e subscrito por D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, e por Gonçalo Peres, comendador de Mértola.
Durante os vários séculos de apagamento da povoação de Setúbal, Palmela e Alcácer do Sal cresceram em habitantes e importância militar, económica e geográfica, fazendo sucessivas incursões no termo de Setúbal, ocupando-o.
Na primeira metade do século XIV a povoação de Setúbal, com uma extensão territorial relativamente diminuta, teve de afirmar-se, lutando com os concelhos vizinhos de Palmela e de Alcácer do Sal, já então constituídos, iniciando-se uma contenda entre vizinhos que termina pelo acordo de demarcação de termo próprio em 1343 (reinado de D. Afonso IV), tendo sido construída uma muralha, que deixa de fora os arrabaldes do Troino (a poente) e Palhais (a nascente).