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GPS 38.52469721019051, -8.887989531632519
Casa do Corpo Santo (Museu do Barroco)
Arquitectura palaciana com capela de 1714 (palácio primitivo do século XVII) com Arquitecto desconhecido. Painéis de azulejos com assinatura “P.M.P.”, provavelmente do Mestre Padre Manuel Pereira.
Encomendado pela Confraria dos navegantes, armadores e pescadores de Setúbal. Esta Confraria existe desde o século XIV (com Livro de Compromissos de 1340) e é também chamada Confraria do Corpo Santo, nome pelo qual era conhecido Santo Elmo ou S. Pedro Gonçalves, orago da Confraria e santo protector dos náufragos.
O palácio da famĂlia Cabedo data dos sĂ©culos XVII/XVIII e foi construĂdo em estruturas já existentes no sĂ©culo XVI, conforme recentes escavações arqueolĂłgicas o mostraram. Esta casa, anexada ao Palácio Cabedo, fazia parte deste e foi oferecida, pela famĂlia, Ă Confraria para aĂ se instalar a Confraria do Corpo Santo. ApĂłs o desaparecimento desta confraria (no sĂ©culo XIX), o edifĂcio alojou outras associações marĂtimas, como a Sociedade Setubalense de Pescaria Franciscana e o Monte-Pio da Corporação MarĂtima da Casa do Corpo Santo.A Casa do Corpo Santo Ă© tutelada pela Câmara Municipal de SetĂşbal, funciona como Museu do Barroco e tem ali instalada uma exposição de instrumentos de ciĂŞncia náutica.
O palácio da famĂlia Cabedo, dos sĂ©culos XVII/XVIII, no qual a Casa do Corpo Santo se anexa, Ă© um belĂssimo exemplar da arquitectura civil portuguesa.A entrada para a Casa do Corpo Santo Ă© feita por um pátio, com paredes revestidas a azulejos azul-cobalto que acompanham a parede da escadaria de acesso ao primeiro piso. No inĂcio das escadas, uma figura de convite, pintada sobre azulejos, recebe os visitantes.Na entrada, existem duas salas com paredes revestidas com painĂ©is de azulejos azul-cobalto, representando cenas de caça, aristocráticas e do quotidiano. Ambas as salas tĂŞm tectos pintados. Na sala de entrada ou Sala do VestĂbulo, encontra-se um tecto pintado sobre madeira, com uma nau ao centro, sĂmbolo das actividades da Confraria. Na sala seguinte, ou Sala do Despacho, o tecto pintado a tĂŞmpera mostra imagens de Santelmo.Na sala de entrada, existe uma pequena Capela totalmente forrada a talha dourada e com as paredes revestidas de azulejos, retratando a vida de Santelmo ou Santo Elmo.
Trata-se de um edifĂcio exemplar do Barroco, com as paredes revestidas a azulejos azul-cobalto, provavelmente de autoria de Mestre P.M.P.O piso de tijoleira alterna com azulejos de figura avulsa, complementado com tectos ricamente pintados. A pequena capela está totalmente revestida de talha dourada, com bustos-relicários incrustados nas paredes, numa admirável solução de aproveitamento do espaço.
Na porta de entrada para o pátio está gravada a data de 1714. Confirmou-se a existência do palácio original quinhentista mediante informação recolhida em escavações arqueológicas.
O pátio, com escadas para o primeiro piso, cria um espaço de entrada requintado, decorado com azulejos figurativos. Uma figura de convite surge no inĂcio do percurso das escadarias, continuando a decoração em azulejos com elementos arquitectĂłnicos, putti e vasos com flores.
Figura de Convite pintada a azul-cobalto sobre azulejo branco. A personagem usa um traje tĂpico do inĂcio do sĂ©culo XVIII, nĂŁo tem armas e adopta uma postura de convite, com o chapĂ©u na mĂŁo. Provavelmente, a personagem representa um porteiro ao serviço da confraria.
Painel de azulejos representando uma caçada aristocrática do inĂcio do sĂ©culo XVIII, com elegantes senhoras e cavalheiros a montar cavalos, provavelmente da raça Lusitana. Este painel faz parte do conjunto de painĂ©is da sala de entrada, todos com cenas de caçadas aristocráticas. A moldura do painel, com elementos arquitectĂłnicos e decorativos, Ă© tĂpica da azulejaria barroca.
A assinatura P.M.P. Ă© provavelmente a assinatura de Padre Manuel Pereira. ClĂ©rigo e arquitecto amador (desenhou o palácio da famĂlia de TristĂŁo da Cunha, no sĂ©culo XVIII), foi um prolĂfico pintor de azulejos. O Padre Manuel Pereira foi patrono de muitas oficinas de Lisboa e tinha vários discĂpulos que produziam azulejos para palácios e igrejas em todo o territĂłrio de Portugal e no Brasil.
A sala de entrada está ornamentada com um tecto pintado sobre madeira, decorado com motivos florais. Ao centro, uma nau portuguesa invoca Santelmo, o santo padroeiro da Confraria. Na segunda sala, o tecto pintado a têmpera mostra imagens de Santelmo, entre motivos florais.Na capela, completamente forrada a talha dourada, ao “Estilo Nacional”, sobressaem os bustos-relicários incrustados nas paredes, os painéis de azulejos com cenas da vida de Santelmo e o pavimento de tijoleira com aplicação de azulejos de motivos florais.