Casa da Ínsua

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GPS 40.6833373300282, -7.703328710702745

A Casa da Ínsua ou Solar dos Albuquerques é um palácio barroco localizado na freguesia de Ínsua, município de Penalva do Castelo, distrito de Viseu.

Conta com um palácio, usado para residência dos proprietários (actualmente explorado como hotel), uma capela e ainda diversas dependências necessárias ao funcionamento da quinta, como alojamento para os serviços e o pessoal.

Os jardins estão divididos em jardins formais e jardins Ingleses, existindo ainda um tanque de grandes dimensões e um terraço que comunica com a casa e os jardins.

A Casa da Ínsua, incluindo todo o conjunto formado pelos jardins, logradouro, lagos, portões e a parte norte da quinta está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1984.

História

Existiu neste local uma primeira Casa da Ínsua, mandada erigir por João de Albuquerque e Castro, Alcaide-Mor de Sabugal, da qual sobrevivem (ainda que com alterações posteriores) a Capela e o terraço.

A casa que hoje existe foi mandada construir na segunda metade do século XVIII por Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, capitão-general de Mato Grosso e Cuibá (Brasil). Terá entregue o projecto ao arquitecto José Francisco de Paiva (este é lhe atribuído por analogia com outras obras suas).

A propriedade foi passando pelas diversas gerações através do regime de morgadio, ou seja, um vínculo de sucessão dos bens da família para o primogénito sem possibilidade de venda dos mesmos. A Casa da Ínsua foi no entanto um caso particular, em que se estabelecia a transmissão dos direitos do património de tios para sobrinhos varões (desde que estes se conservassem solteiros).

Restam à entrada da casa dois canhões marcados 1776 e 1793 que foram usados na Batalha do Buçaco, durante as Invasões Francesas.

Já no século XIX o palácio foi alvo de obras de beneficiação pelo arquitecto italiano Nicola Bigaglia que para além de desenhar o Chafariz do pátio e os portões da quinta, adaptou ainda a casa aos confortos e equipamentos modernos que o século do progresso exigia.

A quinta possuía a única fábrica de gelo na região, uma geradora hidroeléctrica e unidades agrícolas que ainda hoje laboram, como adegas e lagares para o vinho.

A casa pertencia ainda ao Engenheiro João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres em 1969, tendo em 1970 ocorrido um incêndio que consumiu a vasta biblioteca acumulada por Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. Assim se perdeu um enorme conjunto de documentação referente ao Brasil no século XVIII.

Foi herdeiro do referido João de Albuquerque seu sobrinho-neto Vicente de Olazábal y Brito e Cunha, filho dos Condes de Arbelaiz, em Espanha.

Embora ainda propriedade da familia, a Casa é hoje um hotel de luxo explorado pelos Paradores de Espanha.

Características

O esquema arquitetónico da Casa da Ínsua é tradicionalmente português, com um extenso corpo edificado entre duas torres, que compreende a fachada principal. Uma frente oriental, onde a residência se junta com a capela e as casas de serviço e pessoal para formar um pátio, com o chafariz de granito (desenhado por Bigaglia em 1849) ao centro.

Torreão Norte: Brasão
Torreão Norte: Brasão

O exterior é eminentemente barroco e muito similar a outros solares portugueses da mesma época, distinguindo-se destes pelas ameias pentagonais puramente decorativas trepanadas com flor-de-lis, e ainda as goteiras em forma de canhão. Estes pormenores arquitetónicos apresentam-se como um reforço da antiguidade da casa e da família que a ergueu, românticas evocações da Idade Média.

Torreão Norte: Ameias e goteiras
Torreão Norte: Ameias e goteiras

O andar nobre (em especial na fachada virada para o jardim) conta com altas e elegantes janelas molduradas de cantaria barrocas e rococó. O andar superior das torres apresenta janelas similares mas com gradeamentos, pormenores em ferro que se repetem nas varadas que dão para o jardim, a do torreão sul seria mais tarde fechada.

Na fachada poente encontramos a pedra de armas dos Albuquerque e Pereira, um brasão rocaille com um escudo em pala, mesmo ao centro do andar superior do torreão.

Interior

No interior destacam-se o Vestíbulo, marcado por uma imponente escadaria de granito com volutas esculpidas, os tectos pintados com as armas dos Albuquerque, Pereira, Melo e Cáceres, e ainda uma vasta panóplia de armas indígenas e de caça, trazidas, presumivelmente, por Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres aquando da sua estada no Brasil.

A sala de recepção (à esquerda do vestíbulo) apresenta papel de parede pintado, atribuído a Z. Zuber (1827) e decorado por J. M. Gué.

A Sala dos Retratos guarda os quadros dos senhores da Casa da Ínsua, sendo de notar o retrato equestre de Francisco de Albuquerque e Castro (c.1620-c.1690) por Félix da Costa Meesen (1639?-1712) e o de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

As salas apresentam um estilo tipicamente português com tetos em caixotões de madeira, silhares de azulejos e reposteiros bordados com o brasão da família (um elemento muito presente, quer no exterior quer no interior do edifício). Encontram-se ainda vários exemplares de mobílias asiáticas e peças de madeiras exóticas adquiridas pelos senhores da Ínsua nas suas viagens e como símbolo de elevado estatuto.

Galeria Vestíbulo Vestíbulo
Galeria Vestíbulo Vestíbulo
Tecto do vestíbulo Tecto do vestíbulo
Tecto do vestíbulo Tecto do vestíbulo

Capela

A Capela de Nossa Senhora da Conceição apresenta o brasão dos Albuquerque no exterior, encimando a porta, assim como um campanário com cinco sinos sobrepostos e um sexto no topo (combinação rara e que remontará às origens da capela).

No interior da capela, de nave única, encontramos azulejos, uma cúpula pintada e um retábulo policromo neoclássico executados por Luigi Bastitini, no século XX.

Jardins

A fachada principal da casa (de onde se admiram ambos os torreões e as janelas do andar nobre) está voltada para o tanque dos cisnes e os jardins de buxos, que se desenvolvem em dois terraços. Os buxos, plantados em 1856, formam harmoniosos desenhos, desde o brasão da casa até leques e cornucópias, que são coloridas pelas camélias e roseiras plantadas em meados do século XIX. O tanque de água alberga cisnes e flores de Lótus, ajudando ainda à irrigação da propriedade e funcionamento das diversas fontes por ela espalhadas.

O Jardim Inglês compreende uma zona de árvores de grande porte como sequóias e as árvores de pau-brasil (trazidas por Luís de Albuquerque), um eucalipto de mais de 50 metros de altura e ainda cedros do Líbano. No jardim existe ainda a “Fonte dos Meninos”, executada por Nicola Bigaglia.

O Terraço, alongado a Sul ao nível do andar nobre, a seguir à sala de jantar, é um dos elementos mais antigos do conjunto de arquitetura barroca, remontando ao século XVII. Trata-se de um terraço de lajes de pedra com um pequeno muro entre-cortado por peças de artilharia datadas de 1844 e marcadas com "Casa da Ínsua" (possívelmente decorativas). A parede oposta encontra-se revestida a azulejos, sendo de destacar uma fonte e um relógio de sol vertical.

Galeria

Jardins do Buxo
Jardins do Buxo
Eucalipto no Jardim Inglês
Eucalipto no Jardim Inglês
Portões da quinta desenhados por Bigaglia
Portões da quinta desenhados por Bigaglia

Lista completa de Geochaching abaixo:

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