Desde que comecei a produzir conteúdo sobre criptomoedas e me envolver com a web3, muitas coisas mudaram na minha vida. Hoje minha rotina é completamente diferente, não trabalho mais de terno, não tenho horário fixo e atualmente trabalho pela missão, e não “só” pelo dinheiro.
Não vou ser hipócrita e dizer que o dinheiro não importa, pelo contrário, importa muito. Mas a web3 me mostrou que o trabalho não precisa ser algo que te suga e te deixa exausto a troco de “migalhas”. Sim, migalhas, porque no fim do dia, a não ser que você seja o “dono” ou tenha uma posição muito favorável onde trabalha, você vai sempre sentir que merece mais, o que, muitas vezes, vai te deixar insatisfeito, cansado e infeliz.
Já com isso em mente, recentemente me deparei com um texto de 2017 do Tim Balabuch no Linkedin que se iniciava da seguinte forma:
“Quantas vezes em rodas de amigos você não ouviu ou você mesmo disse coisas do tipo: “não estou feliz no trabalho”, “queria trabalhar em uma empresa que me fizesse feliz” ou “estou a procura de um emprego onde eu realmente seja feliz””
E essas perguntas ressoaram na minha mente por vários dias, me levando a refletir sobre elas. Minha principal questão foi: “Por que o trabalho é visto estritamente como algo maçante? Como algo infeliz?”
Aqui, faço uma indagação aos leitores: quantas pessoas vocês conhecem que ficam animadas domingo à noite pela semana que se inicia?
Por muito tempo pensei que a felicidade no trabalho fosse algo totalmente utópico, inalcançável. Cheguei a cogitar, inclusive, que o problema estivesse em mim, que não conseguia me adaptar à “realidade”, acordar todo dia cedo, colocar roupa social, ir para o trabalho, voltar tarde para casa, dormir e, no dia seguinte, repetir tudo isso…
E ver muitas pessoas romantizando um trabalho exaustivo e de repetição me trazia um questionamento: será que só eu que não consigo me adaptar à “realidade”?
Na minha cabeça eu só conseguia pensar: Se vamos gastar, em média, 1/3 da nossa vida trabalhando, como eu posso aceitar não estar feliz durante todo esse tempo?
Segundo a Gettysburg, 1/3 da nossa vida gastamos trabalhando.
Depois de entender o que esse número realmente representa, não há como negar que nosso trabalho traz um grande impacto na nossa vida (e na qualidade dela).
Lembro que em 2019 (antes de sequer cogitar trabalhar com cripto) me deparei com um vídeo no Youtube do Gary Vee que dizia, basicamente, que se você vive sua vida de modo a amar sextas, sábados e domingos, e odiar de segunda à quinta, alguma coisa está errada.
Podem me chamar de coach motivacional, mas eu não poderia concordar mais, afinal, se você ama tanto assim sextas-feiras, é porque algo precisa ser revisto durante o restante da sua semana. Você está desperdiçando muito tempo da sua vida.
Apesar disso tudo parecer claro na minha mente há anos, mudanças nunca são fáceis!
Quando recebi uma proposta para sair do “modelo tradicional” e vir para o “modelo web3”, tive muito medo, perdi noites de sono sem ter uma resposta (ou pelo menos sem ter coragem de tomar uma decisão, porque no fundo a gente sabe o que quer, o problema é que nem sempre sabemos como aceitar nossa decisão).
Enfim, entrei em um dilema profundo, onde, por um lado poderia seguir uma carreira como advogado, onde não me sentia feliz, mas tinha alguma possível segurança em subir a “escada da vida”, ou largar tudo isso para trabalhar e construir minha vida em um ecossistema extremamente jovem, volátil e incerto…também conhecido como web3.
A escolha lógica era muito simples, ficar onde estava e passar meus dias em um cubículo reclamando que não estava feliz ali. Mas se seguirmos sempre a lógica, não tomamos riscos e deixamos de aproveitar o melhor da vida!
Hoje, cada dia que acordo e percebo o quanto a qualidade da minha vida melhorou, tenho mais certeza de que tomei a decisão certa para mim.
Estar fazendo parte da construção de algo que impacta positivamente a vida de milhões de pessoas não tem preço, e poder contribuir ativamente para que mais pessoas aprendam realmente sobre o que o ecossistema cripto se trata, é uma missão que me deixa todo dia com aquele “frio na barriga”.
Claro que ainda não tenho todas as respostas pro futuro, pelo contrário, ainda tenho uma série de inseguranças e incertezas, mas tenho tentado me convencer de que isso é normal e que devo aproveitar o processo, afinal, se todos soubéssemos como seria nossa vida de início ao fim, qual seria a graça de vivê-la?